davidb

quinta-feira, setembro 30, 2004

Dos Jardins a Santo Amaro

Numa noite quase fria. Nas taças, Cabernet Sauvignon. À mesa, brie, ricota, pão italiano e ciabatta. No cinzeiro, fumo fino. A trilha é Les Liaisons Dangereuses 1959 por Art Blakey. Chocolates du jour.
Bocas levemente umedecidas pela saliva do outro.
Tateando o corpo.
Inalando as fragrantes várias.
Luxuria e conforto.
Completo.




Era de noite. Um vinho gringo e uns queijos meio esquisitos. Tinha um pão de casca dura pra caralho, e um outro que estava cheio de farinha. Rolou até um baseado. No cd estava tocando jazz mas nem sei qual é. Depois nós comemos uns chocolatinhos da hora.
Os beijos que a gente dava eram molhadinhos, cara.
Eu dava uns pegas nela, e ela tipo pegava em mim também.
A gente ficou uma cara se cheirando e tal…
Demos uma irada, e capotamos na cama.
Zerou, véio!

terça-feira, setembro 28, 2004

Guarda!




ilustração digital: david casan

segunda-feira, setembro 27, 2004

No período de uma hora

…Enquanto ele a olhava… seus dedos se moviam involuntariamente apoiados sobre o braço do sofá. Seus castanhos olhos fitavam-na em todas direções. Podia-se vê-la escovar os dentes pela porta quase aberta. Curvava-se sobre a pia valorizando ainda mais seus quadris. Qualquer descrição seria eufemismo. Ela desordenava os pensamentos. Exugou a boca e saiu em direção à cozinha. Uma blusinha preta e uma calcinha maravilhosamente rosa eram as peças que cobriam seu corpo. Corpo tão delicioso quanto o melhor dos chocolates. O rastro que ela ia deixando por onde passava triturava cada vez mais a pouca consciência que ainda restava a ele. Uma confusão mental. Era isso que ela causava nele naqueles momentos. De repente, quando por fim ele quase retoma a normalidade psicológica, ela chega e dá um daqueles sorrisos que torcem a espinha, e paralisam as pernas. Não há saída. Seus grandes olhos amarelos fixamente postados de frente aos dele cegam. As sobrancelhas cinzas, e sua pele rosé delicada como nada, funcionam como uma serpentina no aparelho digestivo. Ela toca seu rosto. As mãos silenciosas e açucaradas. Mais um daqueles sorrisos. Ele esta à mercê. Agido por impulsos freneticamente aleatórios. Um beijo. Úmido e perfumado. Detalhadamente perfeito. Detalhadamente perfeito. Perfeito.

Depois disso ela se despede, e vai embora.

Mas volta.

… e toda vez que ela parte, é uma parte que finda. Como se acabasse o chocolate.

terça-feira, setembro 21, 2004

Como se fosse.

Do alto de um edifício de luxo, uma mulher de meia idade traja um vestido florido, estampado com folhas e flores, alternando entre amarelo e verde, num fundo rosa quase salmão. Ela está no topo. Bem alto. De braços abertos levemente acima dos ombros. Seus dedos estão bem espaçados uns dos outros. Uma cintilação de raios Gama, X e UV. Ela troca isso com o universo. Seus olhos cerrados complementam sua espressão que mais parece uma brisa de sorriso. Seus pés estão descalços. São onze da manhã e o Sol lhe deixa sombras pelo lado esquerdo, e uma luz vívida na pele branca levemente rosada. Ela dá um passo à frente; o suficiente para que seus dedões fiquem, já, ao lado de fora. O vento desorganiza seus cabelos lisos e tingidos. Ela suspira nos intervalos de uma respiração suave, contínua e bem controlada. Um semblante de prosperidade. Ela lentamente se move girando em sentido horário até ficar de costas para o beiral. Seus calcanhares ficam para fora. Ela se deixa cair para trás. Lentamente. Aproveitando a singularidade daquele instante como se fosse o último. Como se fosse.

quinta-feira, setembro 16, 2004

Sonzera!




foto: david casan


Acelerou
Djavan


Ando tão perdido em meus pensamentos
Longe já se vão os meus dias de paz
Hoje com a lua clara brilhando
Vejo que o que sinto por ti é mais
Quando te vi, aquilo era quase o amor
Você me acelerou, acelerou, me deixou desigual
Chegou pra mim, me deu um daqueles sinais
Depois desacelerou e eu fiquei muito mais
Sempre esperarei por ti, chegue quando
Sonho em teus braços dormir, desçansar
Venha e a vida pra você será boa
Cedo que é pra gente se amar a mais
Quando te vi, aquilo era quase o amor
Você me acelerou, acelerou, me deixou desigual
Chegou pra mim, me deu um daqueles sinais
Depois desacelerou e eu fiquei muito mais
Muito mais perdido, quase um cara vencido
À mercê de amigo ou coisa que o valha
Você me enlouquece, você bem que merece
'inda me aparece de minissaia
Sério, o que eu vou fazer, eu te amo
Nada do que é você em mim se desfaz
Mesmo sem saber o teu sobrenome
Creio que te amar é pra sempre mais

terça-feira, setembro 14, 2004

E!




ilustração digital: david casan


Sabe quando te dá vontade de explodir? Não sumir. EXPLODIR mesmo. Se separar de você em pedaços que se espalham por todas direções. E ao mesmo tempo em que se explode, você estaria em vários lugares ao mesmo tempo. Eu quero explodir... e voltar.

...


A publicidade da minha vida está cada vez mais evidente. Evidência é o subterfúgio de si mesmo, nos outros, pra trocar dor por prazer.


Alexandre, o grande;

- Peça-me o que quiseres, e lhe darei.

Epicureu;

- Saia da frente do meu Sol.



Quais são os seus subterfúgios?

domingo, setembro 12, 2004

Estrepido




ilustração digital: david casan

sexta-feira, setembro 10, 2004

Eterno e Perecivel




foto: rodrigo leal - processo digital: david casan


O que é eterno? O que perece?
As divagações sobre o assunto geram pautas e pautas. Tudo se finda, inclusive o tempo. As partículas quânticas poder permanecer em vários lugares ao mesmo momento. Nós somos formados por partículas assim. Elétrons, por exemplo. Estamos em vários lugares ao mesmo instante, pode-se dizer. E em vários estágios de tempo também. Como seria possível então classificar o começo e o fim de alguma coisa se não sabemos de onde partimos nem aonde vamos? É um fato para filosofar. A consciéncia nos leva a razões precipitadas e infundadas. Para curar esse mal, só mesmo nos aprimorando no processo de escolha da condição animal do homem. Só os segredos são desvendáveis. Os mistérios, jamais.

quarta-feira, setembro 08, 2004

A Vila

A aventura começou no terminal rodoviário do Tietê, em São Paulo. Não não. Na verdade começou no messenger. Eu, alucinado. Sem dúvidas eu viajaria nesse feriado de 7 de setembro. Aonde, não fazia idéia, mas iria. Tenho um muito amigo que mora em Vila Velha-ES. Nos encontramos no msn e trocando idéias, eis que surge a grandiosa: Vou à Vila Velha. Vôos esgotados. Tive de ir de ônibus. Para a volta eu consegui passagem aérea.
Sexta-feira, eu decidi conhecer pessoas da Vila Velha antes de ir. Nos fotologs eu encontrei uma garota muito legal. Gabi.
Rodoviária do Tietê;
Entrei no ônibus. Fedia chulé. 16 horas de viagem exaustiva, mas valeu à pena. Vi plantações. Muitas e variadas, mas o típico milharal repleto de corvos foi a sensação. Vi também um filhote de cachorro morto à beira da estrada sendo devorado por urubus. Vi paisagens maravilhosas. Alguns acampamentos do MST com bandeira hasteada e tudo o mais. Até então eu achava que era obra cinematográfica. Cheguei em Vitória.
Maurão me esperava na rodoviária, de onde partimos em direção à Vila Velha que é cidade satelite de Vitória. No caminho, um breve acompanhamento turístico. Vi as boates, as pontes, o grandioso porto e navios abarrofados de containers monstruosamente grandes. Vitória não tem muito pra mostrar. Um misto de interior e cidade grande que não se resume em nada, mas Vila Velha sim tem seu charme singular. A praia da
Costa, em especial, uma praia linda, limpa e organizada.
Como em todos os lugares do mundo, as pessoas feias são a maioria. Na Vila Velha não seria diferente, mas há, obviamente, as pessoas bonitas, e eu conheci algumas delas. Bonitas por dentro. Por fora. Simplesmente BONITAS.
Fui pro rock de pagode. Rock? Pagode? Lá balada se chama “rock”. Fui à rabada, ao churrasco, à praia, ao Morro do Moreno. Grandes diversões!
O shopping da cidade é charmozinho. Tem Kinoplex. Eba! Nele eu assisti “A Vila”, só pra criar um vínculo com a cidade. Foi sem querer. Talvez seja um sinal, já que “Sinais” é do mesmo diretor. Talvez, mas o filme é insuportavelmente ruim. No fim, ela volta e salva o cara. (conto o final só pra contrariar a campanha publicitária). Estava com a Gabi, a Micka, o Thiago, alias, Thiago lá não falta. Resumindo, Minha ida sem pretensão ao cinema com a Gabi na segunda feira, me levou a pessoas maravilhosas. Divertidas, inteligentes e bonitas. Fui pro rock. PESADO! Pulando de bar em bar. Pulando nas ruas. Foi divertido. Nossa Senhora, Overdose.
E entre Thiagos, Gabrielas, Luizinhos, Stanleys, Renans, Mickas, Nandas, Danilos, Elaines, Paulinhas, Maxs, Mauros, Sonias, Guigas e os outros todos que não me lembro o nome, eu troquei minhas escamas. Maurão e a família foram fantásticos. Todos na verdade foram, exceto o vendedor da loja de música.
Lavei o corpo com o mar e a cabeça com desconhecidos. Simplesmente pra me colocarem de volta ao chão.
A vila é velha, mas repleta de novidades. Enjoy it!